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quarta-feira, 4 de julho de 2012

Corinthians campeão invicto da Libertadores!




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Saudações
corinthianas do

Campeão INVICTO
da LIBERTADORES
2012 
Corinthians

Todo Mundo e Ninguém (versão de Drummond)


Apreciem abaixo a versão de Carlos Drummond de Andrade para o trecho Todo o Mundo e Ninguém de Gil Vicente, temos aí um exemplo claro de intertextualidade e uma singela homenagem do poeta mor brasileiro ao incomparável dramaturgo português. O poema de Drummond foi publicado em 1977 no livro Discurso de Primavera e Algumas Sombras.

Todo Mundo e Ninguém
(Auto da Lusitânia, de Gil Vicente)

Ninguém: Tu estás a fim de quê?

Todo Mundo: A fim de coisas buscar
                          que não consigo topar.
                          Mas não desisto, porque
                          O cara tem de teimar.

Ninguém: Me diz teu nome primeiro.

Todo Mundo: Eu me chamo Todo Mundo
                          e passo o dia e o ano inteiro
                          atrás de dinheiro,
                          seja limpo ou seja imundo.

Belzebu: Vale a pena dar ciência
                  e anotar isto bem, 
                  por ser fato verdadeiro:
                  Que Ninguém tem consciência
                  e Todo Mundo, dinheiro

Ninguém: E que mais procuras, hem?

Todo Mundo: Procuro poder e glória.

Ninguém: Eu cá não vou nessa história.
                    Só quero virtude...Amém.

Belzebu: O papai não se ilude
                  e traça: Livro Segundo.
                  Busca o poder Todo Mundo
                  e Ninguém busca virtude.

Ninguém: Que desejas mais, sabido?

Todo Mundo: Minha ação elogiada
                           em todo e qualquer sentido.

Ninguém: Prefiro ser repreendido
                   quando der uma mancada.

Belzebu: Aqui deixo por escrito
                  o que querem, lado a lado:
                  Todo Mundo ser louvado
                  e Ninguém levar um pito.

Ninguém: E que mais, amigo meu?

Todo Mundo: Mais a vida. A vida olé!

Ninguém: A vida? Não sei o que é.
                    A morte, conheço eu.

Belzebu: Esta agora é muito forte
                  e guardo para ser lida:
                  Todo Mundo busca a vida
                  e Ninguém conhece a morte.

Todo Mundo: Também quero o Paraíso,
                           mas sem ter que me chatear.

Ninguém: E eu, suando pra pagar
                    minhas faltas de juízo!

Belzebu: Para que sirva de aviso,
                  mais uma transa se esvreve:
                  Todo Mundo quer Paraíso
                   e Ninguém paga o que deve.

Todo Mundo: Eu sou vidrado em tapear,
                           e mentir nasceu comigo.

Ninguém: A verdade eu sempre digo
                   sem nunca chantagear.

Belzebu: Boto anúncio na cidade,
                  deste troço curioso:
                  Todo Mundo é mentiroso
                  e Ninguém fala a verdade.

Ninguém: Que mais, bicho?

Todo Mundo: Bajular.

Ninguém: Eu cá não jogo confete.

Belzebu: Três mais quatro igual a sete.
                  O programa sai do ar.
                  Lero lero lero lero,
                  curro paco paco paco.
                  Todo Mundo é puxa-saco
                  e Ninguém quer ser sincero!



Todo o Mundo e Ninguém

O texto abaixo pertence a peça Auto da Lusitânia, escrita pelo grande mestre humanista, Gil Vicente, em 1531 e representada pela primeira vez em 1532, perante a corte de D. João III quando nasceu seu filho, D. Manuel. O auto atesta a genialidade deste dramaturgo português, pois apesar de ter sido escrito há quase 500 anos, mantém-se extremamente atual.

Neste auto, assiste-se ao casamento de Portugal, cavaleiro grego, com a princesa Lusitânia. Dois demônios, Berzebu e Dinato, que aparecem no texto vêm presenciar o casamento e escutam o diálogo entre Todo o Mundo e Ninguém.

O autor deu o nome de Todo o Mundo e Ninguém às suas personagens principais desta cena. Pretendeu com isso fazer humor, caracterizando o rico mercador, cheio de ganância, vaidade, petulância, como se ele representasse a maioria das pessoas na terra (todo o mundo). E atribuindo ao pobre, virtuoso, modesto, o nome de Ninguém, para demonstrar que praticamente ninguém é assim no mundo.

Fiz algumas atualizações vocabulares para tornar mais fácil a leitura e o entendimento do trecho.

Leiam e comprovem a atualidade e a genialidade deste auto!

Todo o Mundo e Ninguém


            Entra Todo o Mundo, homem como rico mercador, e faz que anda buscando alguma coisa que perdeu; e, logo após ele, um homem, vestido como pobre. Este se chama Ninguém, e diz:


Ninguém: Que andas tu aí buscando?  

Todo o Mundo: Mil coisas ando a buscar: 
                              delas não posso achar, 
                              porém ando teimando, 
                              por quão bom é teimar. 
                                                                          

Ninguém: Qual é seu nome, cavaleiro?                                



Todo o Mundo: Meu nome é Todo o Mundo, 
                              e meu tempo todo inteiro 
                              sempre é buscar dinheiro, 
                              e sempre nisto me fundo.                             



Ninguém: E eu tenho por nome Ninguém,
                   e busco a consciência.                                             

                                                                                         


Berzebu para Dinato: Esta é boa experiência!

                                          Dinato, escreve isto bem.

Dinato: Que escreverei, companheiro?

Berzebu: Que Ninguém busca consciência.                     
                   E Todo o Mundo dinheiro.                                       

Ninguém para Todo o Mundo: E agora que buscas lá?                               

Todo o Mundo: Busco respeito social muito grande.

Ninguém: E eu virtude, que Deus mande.                          
                   Que tope com ela já.    
                                                
Berzebu para Dinato: Outra adição nos acude:
                                          escreve aí, a fundo,
                                          que busca respeito social Todo o Mundo,
                                          e Ninguém busca virtude.

Ninguém para Todo o Mundo: Buscas outro maior bem que esse?

Todo o Mundo: Busco mais quem me louvasse
                              tudo quanto eu fizesse.
 

Ninguém: E eu quem me repreendesse
                   em cada coisa que errasse.



Berzebu para Dinato: Escreve mais.



Dinato: Que tens sabido?



Berzebu: Que quer em extremo grado 
                   Todo o Mundo ser louvado,
                   e Ninguém ser repreendido.



Ninguém para Todo o Mundo: Buscas mais, amigo meu?




Todo o Mundo: Busco a vida e quem me a dê.




Ninguém: A vida não sei que é,
                    a morte conheço eu.

Berzebu para Dinato: Escreve lá outra sorte.

Dinato: Que sorte?

Berzebu: Muito garrida:
                   Todo o Mundo busca a vida,
                   e Ninguém conhece a morte. 

Todo o Mundo para Ninguém: E mais queria o paraíso,
                                                          sem ninguém para me estorvar.

Ninguém: E eu ponho-me a pagar
                    quanto devo por isso.

Berzebu para Dinato: Escreve com muito cuidado.

Dinato: Que escreverei?

Berzebu: Escreve que Todo o Mundo quer paraíso,
                   e Ninguém paga o que deve.

Todo o Mundo para Ninguém: Gosto muito de enganar,
                                                          e mentir nasceu comigo.

Ninguém: Eu sempre verdade digo,
                    sem nunca me desviar.

Berzebu para Dinato: Ora escreve lá, compadre,
                                          não sejas tu preguiçoso!

Dinato: Quê?


Berzebu: Que Todo o Mundo é mentiroso
                   e Ninguém diz a verdade.

Ninguém para Todo o Mundo: Que mais buscas?

Todo o Mundo: Lisonjear.

Ninguém: Eu sou todo desengano.

Berzebu para Dinato: Escreve, mãos a obra!

Dinato: Que me mandas escrever?

Berzebu: Põe aí muito declarado,
                   não te fique no tinteiro:
                   Todo o Mundo é lisonjeiro,
                   e Ninguém desenganado.             




Salve Jorge...


Santo Guerreiro... Salve JORGE !!
Hoje teremos a grande final da Libertadores da América entre o Timão e o Boca.
Que todos os jogadores do Corinthians vistam-se com as armas de São Jorge e tragam para nós esse tão sonhado título, fazendo assim a alegria e felicidade de uma nação de mais de 30 milhões de corinthianos.


VAI CORINTHIANS!!!



"Eu andarei vestido e armado com as armas de Jorge... São Jorge"

Drops Literário


O texto postado abaixo é um belíssimo poema da poetisa portuguesa Nathália Correia. Logo abaixo do texto, postei também um vídeo de nossa Abelha Rainha recitando um trecho do poema. Verdadeiramente um deleite.
Apreciem sem moderação!


A Defesa do Poeta 


Senhores jurados sou um poeta
um multipétalo uivo um defeito
e ando com uma camisa de vento
ao contrário do esqueleto 



Sou um vestíbulo do impossível um lápis
de armazenado espanto e por fim
com a paciência dos versos
espero viver dentro de mim 



Sou em código o azul de todos
(curtido couro de cicatrizes)
uma avaria cantante
na maquineta dos felizes 



Senhores banqueiros sois a cidade
o vosso enfarte serei
não há cidade sem o parque
do sono que vos roubei 



Senhores professores que puseste
a prémio minha rara edição
de raptar-me em crianças que salvo
do incêndio da vossa lição 






Senhores tiranos que do baralho
de em pó volverdes sois os reis
sou um poeta jogo-me aos dados
ganho as paisagens que não vereis 



Senhores heróis até aos dentes
puro exercício de ninguém
minha cobardia é esperar-vos
umas estrofes mais além 



Senhores três quatro cinco e sete
que medo vos pôs na ordem?
que pavor fechou o leque
da vossa diferença enquanto homem? 



Senhores juízes que não molhais
a pena na tinta da natureza
não apedrejeis meu pássaro
sem que ele cante minha defesa

 
Sou uma impudência a mesa posta
de um verso onde o possa escrever
ó subalimentados do sonho !
a poesia é para comer.